sábado, 18 de setembro de 2010

A Vindima

Chega a árdua tarefa de vindimar o vinho verde. As antigas ramadas, suportadas por esteios de granito extraídos dos penedos do Ladário, obrigam à utilização de escadas para se cortar os cachos de uvas. Se por acaso a data da vindima coincide com tempo de chuva, o incómodo é maior, quando a água e vinho escorregam pelos braços, como uma canalização direccionada para o resto do corpo. As escadas de madeira tornam-se duplamente pesadas e escorregadias. Talvez por tudo isto, o vinho verde seja mais ácido!
Mas as crianças gostavam desta animação e, impedidas de usar facas ou navalhas - a sua função era a terrível tarefa de apanhar bagos do chão -, servindo-se de velhos aros de pipos, construíam, na véspera, um canivete com cabo de madeira e com a forma de foice. Assim, à sucapa lá iam também cortando uns cachos.


Depois de algumas pisadelas, o tinto...
Neste caso, o branco já pisado, sai de bica aberta para a dorna, passando primeiro pelo cribo.

Lagar e dorna de granito e prensa de ferro. A malga de barro num bordo do lagar servia para fazer a contagem dos gigos de uvas que se iam lançando: cada bago, cada gigo.

Espadeiro ( ou padeiro ), uma das antigas castas que "dava força ao vinho".

Quinta do Memorial (anos 80?). Os antigos gigos actualmente substituídos por outros de plástico.

A cesta e o gigo. Era necessário encher devidamente o gigo para que no final um determinado número correspondesse a umas tantas pipas.

Os pés em cima do pé. O vinho extraído depois da prensagem do bagulho era distribuído pelas várias pipas, para que o produto final mesmo ficasse mais forte.

Como ficava tão comprimido pela acção da prensa, era necessário uma picareta para desfazer o montão de bagulho. Posteriormente seria encaminhado para o "alambique", para se fazer o bagaço.


O esforço de andar permanentemente de braços e pescoço esticados. Um esteio de granito de suporte à ramada e estaca da videira.

Uma casta muito rara: o verdelho

Nenhum comentário: