domingo, 21 de março de 2010

Arqueologia dos ofícios e profissões V e o Dia Mundial da Água

Fontes e Lavadouros públicos

A árdua tarefa da lavagem da roupa ter-se-á iniciado no riachos, rios e ribeiros, passando posteriormente para as presas e tanques, até entrar dentro de casa, com as máquinas de lavar.
A velocidade do quotidiano e o próprio estado de riachos e ribeiros não permite esta actividade solitária e solidária das mulheres que se juntavam nos lavadouros públicos para lavar a roupa e actualizar as conversas. Era uma espécie de barbearia, na dimensão feminina, ao ar livre. Talvez mais saudável, porque as palavras voavam com a aragem e corriam nas águas. E como a infância é a nossa cronista da história, ainda estão presentes os cheiros da brancura a corar na rampa da Laranjeira, misturados com gelatina de sabão, tons amarelos e brancos das pequenas saquetas de lixívia, quais barquitos pela corrente do ribeiro, e tocas de grilos que deixavam de cantar quando alguém se aproximava. As brincadeiras da criançada eram interrompidas para, armada de regador em punho, borrifar a roupa já meia tesa pelo sol.
E eram vários os lavadouros públicos espalhados pela freguesia, quase sempre geminados com um fontenário.
Destes locais templo-da-purificação, destaca-se o ribeiro do Ordonho, também palco da lavagem de muita tripa suina por alturas da friagem da matança do porco, o lavadouro do memorial, situado próximo do lugar da Quebrada, o lavadouro do lugar da Saibreira, dois lavadouros em Vila Cete, o lavadouro do lugar do Monte, o do Cano, o da Lameira, o dos Conventos, o do Cadouço, o de Louriz, o de Mondim, o de Paredes e o do Tapado. A par destes destes espaços, a freguesia apresentava muitos tanques particulares, por vezes, partilhados pela vizinhança, vestígio de um processo comunitário, a par de outros que já se extinguiram praticamente, como a troca do "crescente" para a cozedura do pão, a troca de carne do porco, por altura da matança e outro mais religioso, como a passagem da "Sagrada Família". " Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades", como também é preciso mudar a nossa atitude perante a água.

Quando não existia água por perto, era necessário explorá-la, através da construção de poços.


Tanque e lavadouro particular, ainda com dois processos de extracção de água - bomba mecânica e motor eléctrico. Lugar da Serrinha - 2007.



Bomba manual e tanque de granito. Memorial - 2006.


Bomba manual, agora objecto de museu. Lugar do Memorial.


Outrora esta bomba estava acompanhada de um tanque de granito, reservatório de lampreias. Lugar do Memorial.


Fonte e tanque adornados por estátuas de ganito. Este espaço da Quinta de Leiria está actualmente deteriorado, tendo as estátuas desaparecido.

Fonte de Baixo, no lugar de Vila Cete. Estrutura em granito com fonte, lavadouro e o pormenor do vaso. ( 2003)


Fonte de Cima, no mesmo lugar, com fonte, lavadouro e presa. ( 2003)

Fonte do Monte. Estrutura em granito, com depósito, tanque e lavadouro. (2003)

Tanque e lavadouro em betão no lugar de Louriz. (2003)

Fontanário do Memorial. A água desta estrutura segue para um lavadouro público na proximidade.

Lugar do Tapado. Mina e tanque/ lavadouro. (2003)


Lugar de Mondim. Fontanário, tanque, lavadouro e presa. ( 2003)

Bibliografia
COSTA, João Pinto Vieira da, Alpendorada e Matos - Península de História, JFAM, 2005
João Costa

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