Um povo é tanto mais culto quanto mais respeita o seu passado
Aproveitei o primeiro dia de 2009 para revisitar um dos locais que mais me fascina em Alpendorada - Fontelas. Com muito prazer, ouvi o sr. António, "O Barqueiro de Fontelas", e a sua esposa falar das "coisas antigas da nossa terra". Serão os guardiões de um troço de caminho romano que circunda a sua casa, como de um tesouro se tratasse, porque o é. E a propósito, lembraram-me o adágio que corre por esses lugares, junto ao Douro "Entre Couto, Souselo e Fontela, há o tesouro de Maria Madalena". Parte dessa via romana terá desaparecido com a construção de uma nova estrada, e outros troços estão religiosamente guardados pelo mato e silvas, até que uma carta arqueológica municipal o assinale devidamente.
Ficou a vontade de lá voltar, com mais tempo e mais luz.
Por agora, retive a histório do Piloto, um cão tão obediente que, no início do século XX, foi buscar, à ordem do dono (descendente desta casa de Fontelas), o seu casaco esquecido no cemitério, distante alguns quilómetros. Então, as fidalgas da Botica testemunharam esse feito, ao ver o animal pegar no casaco e transportá-lo. Logo, logo desejaram o cão, por "qualquer" preço. Com muito custo, o dono ofereceu-lhes o cão, com a condição de ele lá ficar. Prenderam-no, então, na Casa da Botica, mas o bicho "chorava" constantemente. Libertaram-lhe a corrente. E o cão, como que a disfarçar, rondou a casa alegremente, durante umas horas. Depois, virou costas a elas e regressou a Fontelas...
Sr. António da Silva Antunes ( 74 anos) - O Barqueiro de Fontelas.
Do lado de Souselo, junto ao rio, ainda é perfeitamente visível a continuação da via romana.
Fontelas. Caminho romano, com o rio ao fundo.
Inscrição feita pelo sr. António a assinalar o local da cheia de 1962, em Fontelas. No local da inscrição existia uma chapa com a data da cheia.
O turismo também vive do património, por isso há que preservá-lo.
Fontelas. O caminho de encontro ao mato e às silvas.
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